Com algum atraso, apresento, abaixo, os resultados das votações realizadas sobre os possíveis vencedores das provas masculina e feminina do Open da Austrália.
O primeiro facto a merecer destaque é, sem dúvida, o igual número de votos nas duas polls. Depois do ocorrido aquando do US Open do ano passado, procurei seguir a sugestão de uma leitora atenta (no mesmo post) e alterei a ordem das votações, pondo por cima a relativa ao torneio feminino. O resultado está à vista, atestando a excelência da observação feita. Obrigado.
Começando pelo resultado da votação referente ao torneio masculino, é de destacar a natural elevada percentagem dos votos recolhidos por Roger Federer. O suíço era, sem dúvida, o grande favorito à vitória final, mas acabou por não estar à altura de um Novak Djokovic em grande forma. O sérvio não era, de todo, a minha aposta, até porque assinou exibições pouco convincentes durante a Hopman Cup, mas, com o decorrer da prova, cedo se percebeu que poderia constituir uma séria ameaça às pretensões de, sobretudo, Federer e Nadal. Assim foi.
Por último, uma nota para Nadal: o espanhol foi travado, nas meias-finais, por um Jo-Wilfried Tsonga em estado de graça, mas é de saudar a sua constante progressão em terras australianas. Superou a sua melhor performance (quartos-de-final, em 2007) e isso, conjugado com o retrocesso de Roger Federer, permitiu-lhe aproximar-se do suíço no ranking mundial e animar uma luta que nunca existiu verdadeiramente.
Passando à votação feminina, registe-se um fenómeno semelhante ao ocorrido com a masculina: a percentagem dos votos de Justine Henin. Também a belga era clara favorita à vitória final, mas acabou por ser Maria Sharapova a arrebatar o ceptro.
A russa ficou de fora do leque de opções, enquadrando-se na opção "Outra". Terão sido por/para ela todos os 15 votos? Nunca saberemos. Ainda assim, suspeito que sim. Lamentável o esquecimento, porque foi isso mesmo: esquecimento. À semelhança do que aconteceu com Andy Murray, mas mais grave, porque o escocês perdeu logo de entrada.
É certo que Sharapova talvez não fosse a mais séria candidata ao título, até pelo dificílimo quadro que tinha, mas o seu nome nunca deveria ter sido excluído da lista. E a prova está aí.
Por fim, dizer que Ana Ivanovic terá sido, muito provavelmente (mais uma vez, não se sabe quantos votos teve Sharapova), a terceira mais votada, o que atesta a subida de valor da jovem sérvia. Acabou por perder a sua segunda final do Grand Slam, é certo, mas quer-me parecer que a teremos noutras, a muito curto prazo. Vai uma aposta?
Nunca é fácil voltar ao circuito profissional feminino após uma ausência de dois anos, por motivos de doping.
No entanto, Sesil Karatantcheva teima em dar a entender o contrário. Depois da vitória alcançada há duas semanas num challenger de Surprise em que teve de vencer um pre-qualifying e mais três rondas do qualifying, antes dos cinco jogos que a levaram ao título, a búlgara voltou, esta semana, a provar que ainda tem muito para dar ao ténis feminino.
Novamente obrigada a disputar o qualifying do evento de 25000$ de La Quinta, EUA, Karatantcheva juntou mais oito (3 no quadro de qualificação e 5 no quadro principal) vitórias às onze conseguidas no outro torneio, elevando para 19 o número de triunfos desde que regressou ao circuito mundial.
Na final de ontem, a búlgara de 18 anos derrotou a experiente alemã Sandra Kloesel, por 6-4 e 7-5, superando um início menos bom que a deixou a perder por 4-0 no set inaugural.
Ainda assim, falta uma prova mais à jovem de Sófia para poder voltar a inscrever o seu nome no ranking WTA. Tal deverá acontecer depois do torneio de 75000$ de Midland (o tal evento em que Michelle Brito se estreou no circuito profissional), para o qual lhe foi reservado um wildcard.
E quando o fizer, entrará pelo menos para bem dentro do top-400 da hierarquia mundial feminina. Seguramente, um nome a reter para os próximos anos...
Como nem só das competições seniores de singulares vive um torneio do Grand Slam, não poderia deixar de dar o devido destaque aos vencedores e vencidos nas restantes vertentes.
Começando pela competição de pares masculinos, registou-se a primeira vitória de um par israelita na história do ténis mundial. Andy Ram e Jonathan Erlich sagraram-se vencedores deste primeiro Grand Slam da temporada, ao vencerem o par Arnaud Clément / Michael Llodra, por 7-5 e 7-6(4). Foi o décimo primeiro título da dupla israelita.
Na competição de pares femininos, Israel voltou a ter representante: Shahar Peer. No entanto, desta feita, a israelita não foi capaz de conquistar o título na companhia da bielorrussa Victoria Azarenka - que é treinada pelo português Antónia Van Grichen-, cedendo frente às "manas" Bondarenko, Alona e Katerina, por 2-6, 6-1 e 6-4. As ucranianas conquistaram em Melbourne o primeiro título, em pares femininos, das suas carreiras.
Já na competição de pares mistos, o título foi para o sérvio Nenad Zimonjic e para a chinesa Tiantian Sun, que derrotaram os indianos Mahesh Bupathi e Sania Mirza, por 7-6(4) e 6-4. A dupla quinta cabeça-de-série demonstrou na final o poderio exibido nos encontros anteriores, em que venceu as primeira e terceira mais cotadas duplas em prova.
Por fim, nos juniores, Bernard Tomic e Arantxa Rus venceram as competições masculina e feminina, respectivamente.
Tomic bateu Tsung-Hua Yang na final, por 4-6, 7-6(5) e 6-0 e, aos 15 anos e 3 meses de idade, tornou-se no mais jovem de sempre a vencer uma competição júnior do Grand Slam, destronando o norte-americano Donald Young.
Por seu lado, Arantxa Rus, de 17 anos, derrotou Jessica Moore e impediu o pleno australiano (quer Tomic quer Moore são australianos). Em apenas dois parciais, 6-3 e 6-4, a holandesa demonstrou ser uma das melhores juniores mundiais e apresta-se agora para participar em força numa campanha de challengers do circuito mundial feminino.
Se antes deste Open da Austrália alguém perguntasse que possibilidades teria Maria Sharapova de conquistar o título, a resposta seria um quase unânime "não vai lá!". No entanto, duas semanas depois, a russa sai de Melbourne com o troféu (e o cheque de 820000€) na mão, graças a um percurso imaculado em que não cedeu um único set.
Sharapova ficou colocada numa metade de quadro fortíssima, que incluía jogadoras como Lindsay Davenport, Elena Dementieva, Justine Henin, Jelena Jankovic, Amélie Mauresmo e Serena Williams, entre outras. À excepção das duas últimas, Sharapova defrontou-as todas e não perdeu mais que quatro jogos frente a nenhuma. Impressionante!
Por fim, hoje, na partida de todas as decisões, levou de vencida Ana Ivanovic, num embate entre duas das mais belas tenistas do circuito mundial feminino. Em apenas dois parciais -7-5 e 6-3-, Sharapova superiorizou-se à sua adversária, denotando um maior à vontade nas potentes trocas de bola do fundo do court e exibindo uma destreza de movimentos nunca antes vista na russa.
Este passa a ser o terceiro título do Grand Slam constante do palmarés de Sharapova, depois das vitórias em Wimbledon'04 e no US Open'06. Quanto a Ivanovic, continua sem nenhum após duas finais disputadas (a outra foi em Roland Garros'07), mas tem potencial e não deverá tardar muito mais a conquistar o seu primeiro.
Sesil Karatantcheva está de regresso ao circuito profissional feminino. Após dois anos de ausência forçada, por motivos relacionados com o doping, a búlgara de 18 anos reentrou em cena no challenger de 25000$ de Surprise, disputado na passada semana. Sem ranking, Karatantcheva foi obrigada a disputar um pre-qualifying para garantir um wildcard para o quadro de qualificação. Pois bem, 11 partidas depois, a ainda jovem búlgara saiu de Surprise com o título e a certeza de que em breve voltará a uma posição de destaque no cada vez mais exigente circuito WTA. Recorde-se que, antes do caso de doping, em 2005, Karatantcheva chegou a ocupar a 35ª posição do ranking mundial, tendo atingido também os quartos-de-final de Roland Garros nesse mesmo ano. Uma jogadora a seguir com atenção.
Com a queda das duas principais cabeças-de-série, Ana Ivanovic passou a ser a tenista mais cotada em prova no Open da Austrália (está à frente da sua compatriota Jelena Jankovic no ranking mundial). Já sabendo do sucedido antes de entrar em acção nos quartos-de-final, a sérvia não tremeu e superou a poderosa norte-americana Venus Williams, em apenas dois parciais: 7-6(3) e 6-4, dando uma clara prova de força às demais contendentes.
Ao ataque! Um autêntico correctivo foi o que Maria Sharapova aplicou à belga, nº1 mundial, Justine Henin. A tenista oriunda da Sibéria esteve simplesmente soberba no encontro entre ambas, dando um festival de ténis atacante muito preciso, que redundou num 6-4 e 6-0 final. Inimaginável à partida, até porque Henin vinha de um série de 32 encontros sem conhecer a derrota e já não perdia um set por 6-0 desde Maio de 2002.
À sexta tentativa, a australiana Casey Dellacqua, actual 77ª do ranking mundial feminino, lá conseguiu ultrapassar uma ronda no "seu" Open da Austrália. E não só o fez como já o repetiu por mais duas vezes, eliminando pelo caminho Patty Schnyder e Amélie Mauresmo, duas tenistas de topo. Jelena Jankovic é a senhora que se segue...
Desde o início, Maria Sharapova sabe que tem na tentativa de conquistar o título neste Open da Austrália uma missão espinhosa. Hoje, ultrapassou o primeiro dos seus mais difíceis obstáculos: Lindsay Davenport. A norte-americana sucumbiu ao poderio da russa, que triunfou por claros 6-1 e 6-3.
Fantástico esforço de Jelena Jankovic, que aqui enfrentava o primeiro match-point dos três que teve de salvar no encontro da primeira ronda, frente a Tamira Paszek. Alguma sorte, mas também muita força de vontade, no momento mais espectacular do dia.
Começou há já alguns minutos o Open da Austrália, primeira prova do Grand Slam da temporada de 2008. Este ano com a imagem renovada, graças à mudança de piso e respectiva cor (para Plexicushion azul), e com os quadros mais fortes dos últimos anos, a prova promete ser mais emotiva e espectacular ainda. É grande a expectativa em torno da forma que apresentarão os tenistas de topo que agoram retomam a actividade e do aparecimento de alguma cara nova, potencial revelação da temporada corrente. Na prova masculina, Roger Federer é o crónico grande candidato a um título que defende, mas a concorrência é muito forte e a sua metade de quadro -inclui Djokovic, Nalbandian, Baghdatis, Berdych, Safin e Hewitt, entre outros- bem mais complicada que a do espanhol Rafael Nadal -inclui Murray, Davydenko e Roddick-, também ele favorito ao triunfo neste evento australiano. Uma questão interessante reside no facto de, pela primeira vez, Nadal poder terminar uma prova como número um mundial, dado que o suíço, líder da hierarquia masculina, defende 1000 pontos neste evento e o maiorquino apenas 250, sendo que a diferença pontual entre ambos no ranking se cifra nos 1400 pontos. Improvável, mas possível. Já na prova feminina, apesar de ser Serena Williams a detentora do título, todas as atenções estarão centradas na belga Justine Henin, ausente na edição transacta. A belga é líder incontestada do ranking feminino e, sem dúvida, a que melhores atributos apresenta para atingir a vitória final. No entanto, terá de estar muito atenta, não só a Serena como também à sua irmã Venus e, entre outras, às russas Maria Sharapova e Svetlana Kuznetsova, à regressada Lindsay Davenport (perdeu apenas um dos 17 encontros que disputou depois de ser mãe) ou às sérvias Ana Ivanovic e Jelena Jankovic. Muito e bom ténis em perspectiva para as próximas duas semanas deste evento de categoria máxima, que oferece mais de 12 milhões de euros em prémios monetários, repartidos equitativamente pelos torneios masculino e feminino.