. A despedida de Paola Suár...
. #3 - Que é feito de...Mar...
Directamente das profundezas da gaveta das partidas de ténis, retirei dois pontos do espectacular duelo protagonizado por Andre Agassi e Roger Federer na Masters Cup de Houston de 2003.
Então próximo da sua melhor forma, o veterano norte-americano defrontou um Roger Federer em ascenção, que nesse ano conquistara o seu primeiro título do Grand Slam em Wimbledon.
Agassi nunca havia perdido contra o suíço, mas esse embate marcou um ponto de viragem para este, que salvou dois match-points e obteve a primeira das sete vitórias sobre o outrora denominado Kid de Las Vegas.
Vale a pena recordar...
Todo o mediatismo em torno da despedida de Tim Henman do circuito ATP acabou por ofuscar um pouco a retirada da argentina Paola Suárez, uma excepcional jogadora que se tornou na primeira sul-americana a ocupar o posto de nº1 mundial de pares, durante 87 semanas, e que figurou ainda no top-10 da mais exigente variante de singulares.
Paola Suárez iniciou a sua carreira profissional em 1994, numa fase em que a argentina Gabriela Sabatini, grande referência do ténis no país das pampas e responsável indirecta pela aposta de Suárez no ténis profissional, se encontrava na curva descendente da sua carreira. Vista como uma possível sucessora de Sabatini, Paola Suárez acabou por não conseguir resultados tão relevantes em singulares, conquistando apenas 4 títulos no circuito WTA e tendo em Roland Garros 2004 a sua melhor prestação num torneio do Grand Slam (meias-finais); em contrapartida, a carreira na variante de pares, em conjunto com Virginia Ruano-Pascual, foi a todos os níveis excepcional, ficando marcada pela conquista de oito provas do Grand Slam -uma no Open da Austrália (2004), quatro em Roland Garros (2001, 2002, 2004 e 2005) e três no Open dos EUA (2002, 2003 e 2004)-, bem como pela vitória no Masters (2003) e pelas diversas finais no All England Club (2002, 2003 e 2006).
Em 2005, após a vitória obtida em Roland Garros, Suarez foi obrigada a parar durante quase um ano, fruto de uma lesão na anca, da qual nunca viria a recuperar totalmente. Aos 30 anos, e depois de 14 temporadas ao mais alto nível, anunciou a retirada e despediu-se do ténis profissional no court 11 do complexo de ténis de Flushing Meadows perante algumas centenas de espectadores que lhe renderam uma merecida homenagem.
Cinco provas depois, a última das quais em Vale do Lobo, o circuito masculino de veteranos conheceu um novo vencedor: Michael Stich.
O alemão obteve, em Graz, apenas o seu segundo triunfo em eventos do Black Rock Tour of Champions -o outro foi justamente em Vale do Lobo, em 2003-, derrotando Cédric Pioline, na final, por 6-2, 4-6 e 10-7. No entanto, como o próprio viria a reconhecer, foi a vitória sobre o favorito da casa, Thomas Muster, que o catapultou para mais altos voos. "Senti-me morto após aquele encontro com o Thomas [Muster], mas ganhei e foi tudo o que precisava", revelou Stich.
Quanto a Sergi Bruguera, líder incontestado do ranking do circuito de veteranos, o espanhol sentiu, pela primeira vez, o amargo sabor da derrota. E logo por duas vezes e logo em terra batida. Frente a Goran Ivanisevic, especialista em superfícies mais rápidas, não teve argumentos e perdeu por claros 6-4 e 6-1; já contra Cédric Pioline, fez um pouco melhor, mas os parciais da vitória do gaulês (6-3 e 6-4) também não deixam dúvidas. Ainda assim, Bruguera continua na liderança da hierarquia do Black Rock Tour of Champions, dispondo agora de 890 pontos de vantagem (1680 contra 790) sobre Cédric Pioline, que ascendeu à segunda posição, por troca com Thomas Muster, terceiro em Graz.
A próxima prova, a sétima do ano, realiza-se em Setembro, de 20 a 23, em Paris.
Download
Resumo Muster vs Stich (de fazer inveja a muitos profissionais do circuito)
Tempo de regressarmos a esta rúbrica, dedicada a jogadores que andam desaparecidos da ribalta do tenis mundial. Talvez agora que estamos já bem dentro da temporada de relva não seja a altura mais adequada para falar de Martin Verkerk, um tenista que, apesar da sua altura e do seu magnífico serviço, nunca foi capaz de impor-se numa superfície tão rápida. No entanto, havendo tenistas bem mais ilustres para destacar nas imediações do torneio parisiense de Roland Garros, deixei este holandês para o dia que antecede Wimbledon, uma vez que o seu perfil encaixaria no dos bons jogadores de relva. Bem enganador...
Martin Verkerk tardou em aparecer no circuito mundial, fruto da sua carreira universitária, que sempre pôs à frente da carreira desportiva. Os primeiros anos como tenista profissional (é-o desde 1997), foram pautados pelos inúmeros torneios challenger que disputou, sem, contudo, obter resultados de relevo, salvo três ou quatro vitórias. Todavia, foi graças a esses torneios que começou a garantir entrada em torneios de maior gabarito, já em meados da época de 2002. Depois de alguns resultados aceitáveis, foi progredindo no ranking, até atingir o posto 84 com que iniciou o melhor ano da sua carreira: 2003. Nesse ano, vindo do nada, sagrou-se, ainda em Janeiro, vencedor do torneio de Milão, conseguindo uma incrível marca de 109 ases ao longo da semana. Mas o melhor estaria ainda para vir.
Em Abril, em Roland Garros, Verkerk esteve à beira de eliminação no encontro da segunda ronda, frente ao peruano Luís Horna, que eliminara Roger Federer na ronda anterior. O holandês esteve a perder por 5-2 no quarto set (em desvantagem por 2-1 em sets), mas conseguiu salvar três match-points e vencer numa quinta partida desse duelo incrível, para depois iniciar uma caminhada verdadeiramente espantosa -eliminou Carlos Moya e Guillermo Coria-, apenas travada por Juan Carlos Ferrero na final. Nunca antes Verkerk vencera um encontro em torneios do Grand Slam, facto que torna ainda mais memorável esse torneio parisiense de 2003.
No entanto, até ao final do ano não voltaria a sobressair da mesma maneira e, em 2004, teve uma época apenas razoável até ao torneio de Amersfoort, no seu país natal. Aí, conseguiu vencer e parecia estar a querer encaminhar a carreira, quando uma lesão arreliadora no ombro direito o atirou para fora dos courts até ao início desta temporada. A verdade é que, depois do regresso, Verkerk não logrou qualquer vitória (0-9 esta época), apesar de se encontrar no lugar 666 quando no início do presente ano era o nº1533 do ranking ATP.
Uma pena, porque fazem falta ao circuito jogadores tão empolgantes como Verkerk, cujas emoções sempre estão à flor da pele, no bom sentido da expressão.
Uma última nota, a título de curiosidade, vai para o facto do holandês ter passado pelo nosso país, para disputar o Estoril Open, em 2003. Na altura, perdeu na primeira ronda frente ao israelita Harel Levy, fazendo com que poucos se lembrem dessa sua vinda, de tão fugaz que foi.
Para os menos lembrados deste jogador do país das tulipas, poderão ver uma compilação dos bons momentos da sua carreira no vídeo abaixo, ou consultar a sua página na wikipédia.